No dia 9 de abril, a Igreja Católica celebra Santa Casilda de Toledo, virgem conhecida por sua conversão do islamismo ao cristianismo e por sua vida de caridade e eremitismo. Filha de um rei mouro, ela se destacou pela compaixão com os prisioneiros cristãos e por um milagre famoso envolvendo rosas.
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Santa Casilda de Toledo
Santa Casilda nasceu por volta do ano 1000 (ou início do século XI), em Toledo, na Espanha, então sob domínio muçulmano. Era filha de Al-Mamún, o rei mouro (emir) de Toledo, conhecido por sua crueldade contra os cristãos. Apesar de crescer em um ambiente islâmico hostil ao cristianismo, Casilda desenvolveu desde jovem uma profunda compaixão pelos prisioneiros cristãos capturados nas guerras entre mouros e cristãos.
Casilda visitava secretamente as prisões, levando alimentos escondidos em seu vestido para ajudar os cristãos detidos. Um dia, surpreendida por guardas ou pelo próprio pai (as versões variam), que suspeitaram que ela carregava algo proibido, perguntou o que levava. Ela respondeu: "Rosas". Milagrosamente, ao abrir o avental, caíram rosas frescas em vez de pão e carne. Esse milagre, semelhante ao de Santa Isabel da Hungria, marcou sua vida e é frequentemente representado na arte.
Impressionada pela fé dos prisioneiros e possivelmente sofrendo de uma doença (hemorragias ou outra enfermidade), Casilda viajou para o norte, para terras cristãs, em busca de cura nas águas termais de San Vicente, perto de Briviesca (Burgos), e no lago de San Vicencio. Lá, conheceu melhor o cristianismo, converteu-se e foi batizada. Recuperada milagrosamente, decidiu não retornar a Toledo e viveu como eremita, dedicando-se à oração, penitência e caridade.
Faleceu por volta de 1075 (ou 1050, segundo algumas fontes), já idosa, no local onde viveu como eremita. Seus restos foram sepultados em uma ermida que ela mesma ajudou a construir. Hoje, repousam no Santuário de Santa Casilda, em Briviesca (Burgos), um lugar de peregrinação. É invocada contra hemorragias e problemas de fertilidade, e suas águas são consideradas milagrosas.
Santa Casilda simboliza a conversão pela caridade e a misericórdia além das fronteiras religiosas. Em uma época de Reconquista na Espanha, sua história destaca o poder da compaixão. É padroeira de Toledo em alguns contextos e inspira fiéis em Espanha e América Latina, com festas e romarias anuais em seu santuário.
Ó Deus, que chamastes Santa Casilda das trevas do erro à luz da fé cristã e a fizestes brilhar pela caridade e penitência, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de praticar a misericórdia e de buscar sempre a vossa vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Santa Casilda de Toledo, rogai por nós!
Milagre das Rosas de Santa Casilda
O Milagre das Rosas é um dos episódios mais famosos na vida de Santa Casilda de Toledo (c. 950-1050), uma princesa muçulmana que se converteu ao cristianismo. Este milagre, semelhante aos atribuídos a outras santas como Santa Isabel da Hungria e Santa Isabel de Portugal, destaca a compaixão de Casilda pelos prisioneiros cristãos em uma época de tensões religiosas na Espanha medieval.
Santa Casilda era filha do emir muçulmano de Toledo, Al-Mamún (ou Yahya ibn Ismail Al-Mamun), no século XI, durante o domínio islâmico na Península Ibérica. Apesar de crescer em um ambiente hostil aos cristãos, Casilda desenvolveu uma profunda piedade e compaixão pelos prisioneiros cristãos capturados nas guerras. Secretamente, ela levava pão e alimentos escondidos em sua saia ou avental para alimentá-los nas prisões.
Um dia, enquanto Casilda se dirigia às prisões com pão escondido nas dobras de sua roupa, foi surpreendida por seu pai, o rei mouro, acompanhado de soldados (ou, em algumas versões, apenas por guardas). Suspeitando de sua atividade, o rei perguntou o que ela carregava. Casilda, temendo punição, respondeu: "Rosas" (ou "flores").
Ao abrir a saia ou o avental para mostrar, em vez de pão, caíram rosas frescas e perfumadas. O milagre protegeu Casilda de ser descoberta e punida, permitindo que continuasse sua obra de caridade. Algumas narrativas destacam a tensão do momento: o rei exige ver o conteúdo, e o prodígio ocorre instantaneamente, deixando todos atônitos.
O milagre é frequentemente retratado na arte espanhola:
Francisco de Zurbarán (século XVII): Pintura icônica de Santa Casilda com rosas no regaço, vestida com roupas luxuosas da corte espanhola da época.
José Nogales Sevilla (século XIX): Uma cena dramática mostrando o momento exato do milagre, com o rei, soldados e prisioneiros ao fundo.
Essas obras enfatizam a beleza das rosas como símbolo de pureza e intervenção divina.
O Milagre das Rosas de Casilda é parte de uma tradição hagiográfica comum na Idade Média, associada a várias santas que praticavam caridade secreta:
Santa Isabel da Hungria (século XIII): Pão transforma-se em rosas ao ser surpreendida pelo marido.
Santa Isabel de Portugal (Rainha Santa): Versão portuguesa famosa, com pão ou moedas virando rosas no inverno.
Embora Casilda seja cronologicamente anterior, sua hagiografia foi escrita séculos depois, possivelmente influenciada por essas lendas.
Este prodígio simboliza a proteção divina à caridade e à misericórdia inter-religiosa. Contribuiu para a conversão de Casilda, que mais tarde buscou cura em águas termais cristãs e viveu como eremita. O milagre inspira fiéis até hoje, destacando que a bondade pode florescer mesmo em tempos de conflito.