São Ludgero nasceu em 745, em Suescnom, na Frísia. Pertencia a uma família nobre e desde criança, dedicou-se aos estudos e à vida religiosa.
Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 26 de março:
Em Roma, junto à Via Labicana, São Cástulo, mártir. († data inc.)
Os santos Manuel, Sabino, Quadrato e Teodósio, mártires na Anatólia, na atual Turquia, († data inc.)
Santo Eutíquio, subdiácono de Alexandria. († 356)
São Pedro, bispo, irmão mais novo de São Basílio Magno. Morreu em Sebaste, na antiga Arménia, hoje Sivas, na Turquia. († c. 391)
São Bercário, primeiro abade de Hautvillers e de Montier-en-Der, no território de Champagne, actualmente na França.(† 685)
Em Montalbano, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália, os santos Barôncio e Desidério, eremitas. († s. VII)
Beata Madalena Catarina Morano, virgem do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora em Catânia, cidade da Sicília, na Itália. († 1908)
São Ludgero
São Ludgero (em latim, Ludgerus; c. 742 – 26 de março de 809) foi um missionário, bispo e santo da Igreja Católica, conhecido por seu trabalho evangelizador entre os frísios e saxões, na região que hoje abrange partes da Alemanha e dos Países Baixos. Ele é celebrado como o primeiro bispo de Münster, na Vestfália, e fundador da Abadia de Werden, sendo uma figura central na cristianização do norte da Europa durante a era carolíngia. Sua festa litúrgica é comemorada em 26 de março, dia de sua morte. Abaixo, segue tudo o que se sabe sobre São Ludgero:
Ludgero nasceu por volta de 742 em Zuilen, perto de Utrecht, nos atuais Países Baixos, em uma família nobre e cristã de origem frísia. Seus pais, Thiadgrim e Liafburg, eram ricos e devotos, e ele tinha dois irmãos que também foram canonizados: Gerburgis e Hildegrin, este último bispo de Châlons. Desde cedo, Ludgero demonstrou interesse pela fé e pela educação, influenciado pelo ambiente religioso de sua família.
Em 753, ainda criança, ele testemunhou a passagem de São Bonifácio, o "Apóstolo da Alemanha", cuja pregação e martírio posterior (em 754, em Dokkum) deixaram uma marca profunda em sua vida. Esse evento despertou seu desejo de seguir uma vida dedicada a Deus. Aos 14 ou 15 anos, pediu para ingressar na Escola da Catedral de Utrecht (Martinsstift), fundada por São Gregório de Utrecht, onde começou sua formação sob a tutela deste santo. Em 767, acompanhou Aluberto, um missionário inglês, a York, na Inglaterra, para ser ordenado diácono por Etelberto de York e estudar com o renomado Alcuíno de York, um dos maiores intelectuais da época carolíngia. Após um ano, retornou a Utrecht.
Ludgero foi ordenado sacerdote em 7 de julho de 777, em Colônia, aos 35 anos, por iniciativa de Alberico, bispo de Utrecht. Logo após, foi enviado para evangelizar a Frísia Oriental, uma região ainda majoritariamente pagã, onde São Bonifácio havia sido martirizado. Ele trabalhou em Dokkum, reconstruindo a capela destruída pelos saxões e recuperando as relíquias de São Lebuíno, outro missionário que ali atuara. Sua pregação converteu multidões, e ele fundou igrejas e mosteiros para consolidar a fé cristã.
Entre 777 e 784, Ludgero ensinou na escola da catedral em Utrecht durante os períodos de outono, mas suas missões foram interrompidas pela revolta de Widukind, líder saxão que resistia à cristianização imposta por Carlos Magno. Forçado a fugir com seus discípulos, ele buscou refúgio em Roma em 785, onde foi recebido pelo Papa Adriano I. O pontífice lhe deu conselhos e poderes especiais para sua missão. De Roma, Ludgero seguiu para a Abadia de Monte Cassino, onde viveu temporariamente como beneditino, seguindo a Regra de São Bento, mas sem professar votos permanentes.
Em 787, após a submissão de Widukind a Carlos Magno, Ludgero retornou ao norte da Europa. Foi designado missionário em cinco distritos a leste do rio Lauwers (na Frísia Oriental), uma região ainda habitada por pagãos. Ele continuou sua obra com sucesso, construindo igrejas e promovendo a educação cristã.
Em 804 (ou 805, segundo algumas fontes), Carlos Magno nomeou Ludgero o primeiro bispo de Münster, na Vestfália, uma diocese recém-criada para consolidar a cristianização dos saxões. Apesar da resistência inicial de alguns líderes locais, ele aceitou a missão e dedicou-se a organizar a diocese. Fundou a catedral de Münster e, em 797, estabeleceu a Abadia de Werden, um mosteiro beneditino que se tornou um centro de espiritualidade e aprendizado. Ludgero também abriu uma escola em Münster para formar clérigos e missionários, contribuindo para a educação na região.
Mesmo como bispo, ele mantinha um estilo de vida simples e austero, viajando a pé para visitar suas comunidades e rejeitando luxos. Sua saúde, porém, começou a declinar devido às longas jornadas e às condições adversas.
São Ludgero faleceu em 26 de março de 809, em Billerbeck, enquanto visitava uma de suas paróquias. Segundo a tradição, ele previu sua morte e celebrou a missa naquele dia, apesar de sua fraqueza. Foi sepultado na Abadia de Werden, conforme seu desejo, e seu túmulo logo se tornou um local de peregrinação. Entre os milagres atribuídos a ele, destaca-se a expulsão de uma praga de gansos cinzentos que devastavam as plantações em Münster por volta do ano 800. Por esse feito, ele é frequentemente representado com gansos aos pés.
Ludgero não passou por um processo formal de canonização, pois viveu antes da sistematização desse procedimento na Igreja. Sua santidade foi reconhecida pelo povo e pela Igreja logo após sua morte, com base em sua vida virtuosa e nos milagres relatados. Seu culto se espalhou pela Alemanha, Países Baixos e Escandinávia. Ele é invocado como patrono dos missionários, dos bispos e, curiosamente, contra pragas agrícolas.
Ludgero era um homem de profunda fé, humildade e perseverança. Sua espiritualidade combinava o fervor missionário de São Bonifácio com a disciplina monástica beneditina e o amor pelo ensino inspirado por Alcuíno. Ele escreveu a Vita Gregorii, uma biografia de São Gregório de Utrecht, demonstrando seu talento literário e devoção aos mestres. Sua obra ajudou a estabelecer a Igreja no norte da Europa, influenciando a cultura cristã medieval.
Na cidade de São Ludgero, em Santa Catarina, Brasil, seu nome foi adotado pelos colonos alemães de Münster e Heek, que chegaram na década de 1860 e fundaram a comunidade em 1873, escolhendo-o como padroeiro em homenagem à sua terra natal. O município brasileiro, emancipado em 1962, reflete essa herança cultural e religiosa.
Na arte sacra, São Ludgero é retratado como bispo, com mitra e báculo, frequentemente com gansos aos pés ou segurando uma igreja, simbolizando suas fundações. Sua imagem aparece em igrejas e vitrais na Alemanha e em regiões de influência frísia.
Ligação com Carlos Magno: Ludgero foi um aliado próximo do imperador, que o apoiou em sua missão, mas recusou ser consagrado bispo em outra diocese para permanecer entre os saxões.
Família Santa: Com dois irmãos santos, Ludgero pertence a uma rara linhagem de santidade familiar.
Influência duradoura: A Abadia de Werden e a diocese de Münster continuam a honrar sua memória.
São Ludgero é um exemplo de dedicação à evangelização e à construção de uma Igreja sólida em tempos de adversidade.