Santa Matilde da Alemanha dizia: "Feliz quem prepara sua eterna salvação
Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 14 de março:
Santo Alexandre, mártir, na Macedónia [† c. 390]
São Lázaro, bispo, em Milão (Itália) [† s. V]
São Leobino, bispo, em Chartres, hoje na França [† c. 557]
Santa Paulina, religiosa, na Alemanha [† 1107]
Beata Eva de Mont-Cornillon, reclusa junto do mosteiro de São Martinho. Junto com Santa Juliana, prioresa do mesmo cenóbio, se empenhou muito para que o papa Urbano IV instituísse a solenidade do Corpo de Cristo, na Bélgica [† c. 1265]
Beato Tiago Cusmano, presbítero, que fundou o Instituto Missionário dos Servos e das Servas dos Pobres e foi eminente pela sua extraordinária caridade para com os indigentes e os enfermos, em Palermo (Itália) [† 1888]
Beata María Josefina de Jesús Crucificado (Josefina Cattanea), monja da Ordem das Carmelitas Descalças, na Itália [† 1948]
Santa Matilde da Alemanha
Santa Matilde da Alemanha, também conhecida como Matilde de Ringelheim, é uma figura histórica e religiosa venerada como santa pela Igreja Católica. Ela viveu no século X e foi rainha da Alemanha como esposa de Henrique I, o Passarinheiro, o primeiro rei da dinastia otoniana. Sua vida foi marcada por virtudes cristãs, como humildade, piedade e caridade, além de um papel significativo na história medieval europeia. Aqui está um panorama detalhado sobre sua vida, legado e devoção:
Santa Matilde nasceu por volta de 895 (algumas fontes indicam 892 ou 890) em Enger, na região da Vestfália, na atual Alemanha. Era filha de Teodorico (ou Dietrich), um nobre saxão, e de Reinilda (ou Reinhild), de origem frísia ou dinamarquesa. Seus ancestrais remontam ao lendário líder saxão Widukind, que resistiu a Carlos Magno no século VIII. Matilde foi criada por sua avó, também chamada Matilde, que era abadessa do convento beneditino de Herford. Essa educação religiosa e intelectual foi excepcional para a época, especialmente para uma mulher. No convento, ela aprendeu a ler, escrever, além de estudar teologia, filosofia e política, desenvolvendo uma fé profunda e uma inteligência notável.
Em 909, aos 14 anos, Matilde casou-se com Henrique, então duque da Saxônia, que em 919 se tornaria rei da Alemanha como Henrique I. O casamento foi feliz e durou cerca de 20 anos, até a morte de Henrique em 936. Juntos, tiveram cinco filhos:
Otão (Otto I) – Tornou-se rei da Alemanha e, em 962, foi coroado imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
Henrique – Duque da Baviera, que disputou o trono com Otão.
Bruno – Arcebispo de Colônia e santo, conhecido como Bruno, o Grande.
Gerberga – Casou-se com Gilberto da Lotaríngia e, posteriormente, com Luís IV da França.
Edwiges – Mãe de Hugo Capeto, fundador da dinastia capetiana na França.
Como rainha, Matilde não se deixou corromper pelo poder. Ela influenciou positivamente o reinado de Henrique, que foi marcado por justiça e expansão territorial. Ele derrotou os húngaros, consolidou o domínio sobre os eslavos e dinamarqueses e fortaleceu a Alemanha como líder na Europa medieval. Enquanto Henrique se ocupava das guerras, Matilde dedicava-se à assistência aos pobres, à construção de igrejas, conventos, hospitais e escolas, demonstrando uma caridade incansável.
Após a morte de Henrique I em 936, Matilde enfrentou tempos difíceis. Antes de morrer, Henrique designou Otão como seu sucessor, mas Henrique, o filho mais novo, disputou o trono, levando a uma guerra entre os irmãos. Matilde, que tinha preferência por Henrique, viu-se no meio do conflito, o que lhe causou grande tristeza. Quando Otão venceu e assumiu o trono como Otão I, ele e Henrique acusaram a mãe de desperdiçar os bens da coroa com suas generosas doações aos pobres. Eles confiscaram sua fortuna e a exilaram da corte. Matilde, então, retirou-se para o convento de Engern, onde continuou sua vida de oração e penitência.
Anos depois, os filhos reconheceram a injustiça cometida. Otão, influenciado por sua esposa Edite e por líderes religiosos, reconciliou-se com a mãe, devolvendo-lhe seus bens e autoridade. Henrique também se arrependeu e restabeleceu seu afeto por ela. Com seus recursos recuperados, Matilde distribuiu tudo entre os necessitados, salvando muitas famílias da miséria.
Após a reconciliação, Matilde optou por uma vida mais retirada, vivendo em conventos como os de Nordhausen e Quedlinburg, que ela mesma ajudara a fundar. Nessas instituições, dedicou-se à oração, ao jejum e ao serviço aos pobres, desenvolvendo dons espirituais, como o da profecia. Ela governou o reino de forma indireta durante as ausências de Otão, especialmente quando ele foi coroado imperador em Roma, em 962.
Matilde faleceu em 14 de março de 968, aos 73 anos, no convento de Quedlinburg, após uma longa doença. Foi sepultada ao lado de Henrique I, na igreja de São Servácio e São Dionísio, em Quedlinburg. Logo após sua morte, o povo começou a venerá-la como santa, e sua fama de santidade se espalhou rapidamente pelo mundo cristão, do Ocidente ao Oriente.
Santa Matilde deixou um impacto duradouro tanto na história quanto na espiritualidade:
História Política: Como mãe de Otão I, ela está na origem da dinastia otoniana, que restaurou o Sacro Império Romano-Germânico. Seus descendentes incluem reis de Portugal e a Família Imperial do Brasil.
Obras de Caridade: Fundou e apoiou mosteiros como os de Quedlinburg, Nordhausen, Engern, Pöhlde e Grona, além de hospitais e escolas, que se tornaram centros de educação e assistência.
Devoção: Sua vida é um exemplo de humildade, fé e serviço aos pobres. Ela é frequentemente representada com uma igreja na mão (simbolizando suas fundações) e uma bolsa de moedas (simbolizando sua caridade).
A Igreja Católica celebra Santa Matilde em 14 de março, dia de sua morte. Ela é especialmente venerada na Alemanha (em dioceses como Paderborn, Fulda e Munique), na Itália e em Mônaco. É padroeira de igrejas como a de Quedlinburg e a de Laatzen, na Alemanha, e do Hospital Mathilden, em Herford. Sua influência também alcança a Síria, onde é homenageada na Igreja Melquita de Aleppo.
Uma oração tradicional reflete sua espiritualidade:
“Senhor Jesus, a exemplo de Santa Matilde, ajuda o teu povo a importar-se mais com a salvação da alma do que com os bens terrenos. Por seus méritos, concede-nos a graça de usar nossos talentos e bens para o bem dos necessitados e da tua Igreja. Amém. Santa Matilde, rogai por nós!”
Santa Matilde da Alemanha é lembrada como uma rainha que uniu poder temporal e santidade, sendo um modelo de caridade e resiliência cristã em meio às adversidades. Sua vida continua a inspirar fiéis ao redor do mundo.