Santa Ângela da Cruz é uma santa espanhola e de família com condição social modesta, mas repleta de grandes virtudes cristãs.
Santa Ângela da Cruz
Santa Ângela da Cruz, também conhecida como Madre Ângela da Cruz, é uma figura venerada na Igreja Católica, reconhecida por sua vida dedicada aos pobres e enfermos, além de ser a fundadora do Instituto das Irmãs da Companhia da Cruz. Aqui está uma visão detalhada sobre sua vida, obra e legado:
Santa Ângela da Cruz nasceu em 30 de janeiro de 1846, em Sevilha, Espanha, com o nome de Maria de los Angeles Guerrero González. Filha de Francisco Guerrero, um cardador de lã, e Josefa González, uma costureira, ela cresceu em uma família humilde e profundamente religiosa. Dos 14 filhos do casal, apenas seis chegaram à idade adulta. Seus pais trabalhavam no convento dos frades trinitários, onde incutiram nela valores cristãos desde cedo.
Ângela teve pouca educação formal devido à pobreza da família, aprendendo apenas o básico de leitura e escrita, mas dominava o catecismo com perfeição. Desde criança, demonstrava uma forte inclinação espiritual, frequentando a igreja e ajudando os pais em tarefas domésticas, como costura.
Aos 12 anos, começou a trabalhar em um atelier de sapatos para ajudar na subsistência familiar, permanecendo lá até os 29 anos. Durante esse período, sob a influência de sua supervisora Antonia Maldonado e do sacerdote José Torres y Padilla, seu diretor espiritual, aprofundou sua vida de oração e desejo de se consagrar a Deus.
Aos 19 anos, tentou ingressar nas Carmelitas Descalças, mas foi rejeitada devido à sua saúde frágil. Mais tarde, em 1868, entrou nas Filhas da Caridade, mas teve que abandonar a congregação dois anos depois por problemas de saúde. Apesar dessas dificuldades, Ângela não desistiu de sua vocação. Orientada por Torres, ela começou a trabalhar entre os pobres e doentes, especialmente durante uma epidemia de cólera.
Em 1871, Ângela teve uma experiência mística marcante: viu uma cruz vazia diante da cruz de Cristo, interpretando isso como um chamado para se unir a Ele no sofrimento pela salvação das almas. Decidiu então viver como “monja no mundo”, fazendo votos privados de pobreza, castidade e obediência.
Em 2 de agosto de 1875, aos 29 anos, fundou a Companhia da Cruz em Sevilha, junto com três companheiras: Josefa de la Peña, Juana María Castro e Juana Magadán. O objetivo era claro: “fazer-se pobre com os pobres para levá-los a Cristo”. Elas alugaram um pequeno quarto na Rua San Luis, 13, e começaram a atender os necessitados dia e noite, vivendo em extrema austeridade. As irmãs usavam tábuas como camas, comiam pouco e confiavam plenamente na Providência Divina.
A congregação foi aprovada oficialmente em 5 de abril de 1876 pelo arcebispo de Sevilha, Luis de la Lastra y Cuesta, e, em 1904, recebeu a aprovação da Santa Sé pelo Papa São Pio X. Rapidamente, a Companhia da Cruz se expandiu por Espanha, Itália e América, focada em cuidar de doentes, órfãos e abandonados.
Ângela adotou o nome “da Cruz” para simbolizar sua união com o sofrimento de Jesus. Sua espiritualidade era centrada na cruz, na humildade e na caridade. Ela dizia: “Quanto a mim, que Deus me livre de me gloriar a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gálatas 6:14). Vivia com simplicidade e naturalidade, rejeitando honras e buscando a santidade através do serviço.
Apesar de sua saúde delicada, Ângela era enérgica e determinada. Foi superiora-geral da congregação por várias vezes, liderando com exemplo e infundindo em suas irmãs um espírito de dedicação. Seu lema era que a verdadeira caridade nasce do reconhecimento da bondade divina e dos próprios defeitos.
Em julho de 1931, Ângela sofreu uma trombose cerebral que a deixou paralisada por nove meses. Mesmo assim, manteve sua serenidade, preocupando-se mais em não incomodar os outros do que em sua própria dor. Faleceu em 2 de março de 1932, aos 86 anos, em Sevilha. Durante três dias, a cidade inteira passou diante de seu corpo, venerando-a como “Mãe dos Pobres”. O governo municipal homenageou-a dando seu nome a uma rua.
Seu corpo, que permanece incorrupto, está na capela da Casa-Mãe das Irmãs da Cruz. Ângela foi declarada venerável em 1976 por Paulo VI, beatificada em 5 de novembro de 1982 por João Paulo II em Sevilha, e canonizada em 4 de maio de 2003 pelo mesmo Papa, em Madri.
Santa Ângela da Cruz deixou um impacto profundo na Igreja e na sociedade. As Irmãs da Cruz continuam sua missão, vivendo em pobreza e servindo os mais necessitados. Ela é um exemplo de resiliência, fé e amor sacrificial, sendo celebrada em 2 de março pela Igreja Católica.
“Senhor Nosso Deus, Santa Ângela da Cruz viveu a humilhação do desprezo por ter sua saúde fragilizada. Ela ressignificou sua decisão por seguir a Cristo e avançou. Dai-nos essa graça diante do que vivemos hoje. Assim cremos. Amém.”
Santa Ângela da Cruz é um modelo de como transformar adversidades em oportunidades de serviço e santidade, permanecendo “em frente e bem perto” da cruz de Cristo.