Apresentamos dois santos mártires, que, ao lado de outros, se tornaram verdadeiras bases da Igreja no Oriente: santos mártires Marcos Chong Ui-bae, catequista; e Aleixo U Se-yong, seu catequizando.
Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 11 de março:
São Piónio, presbítero e mártir. Fez publicamente a apologia da fé cristã, depois sofreu a aspereza do cárcere e submetido a numerosos tormentos, na Turquia [† c. 250]
Santos Trófimo e Talo, mártires, que, durante a perseguição do imperador Diocleciano sofreram muitos e terríveis suplícios [† s. IV]
São Constantino, rei, discípulo de São Colombo e mártir, na Escócia [† s. VI]
São Sofrónio, bispo, que com seu mestre e amigo João Mosco visitou os lugares do monaquismo; Eleito para suceder a Modesto nesta sede episcopal. Quando a Cidade Santa caiu nas mãos dos Sarracenos, defendeu vigorosamente a fé e segurança do povo, em Jerusalém [† 639]
São Vindiciano, bispo de Cambrai e de Arras. Exortou o rei Teodorico III a fazer penitência para expiar o crime cometido na morte de São Leodegário, na França [† c. 712]
São Bento, bispo de Milão, na Itália [† 725]
Santo Engo Cúldeo, monge, que compôs diligentemente um martirológio dos santos da Irlanda [† c. 824]
Santo Eulógio, presbítero e mártir, degolado à espada por ter confessado gloriosamente o nome de Cristo, em Córdova, na Espanha [† 859]
Beato João Batista de Fabriano Ríghi, presbítero da Ordem dos Frades Menores, na Itália [† 1539]
Beato Tomás Atkinson, presbítero e mártir. No reinado de Jaime I, padeceu o martírio em ódio ao sacerdócio, na Inglaterra [† 1616]
Beato João Kearney, presbítero da Ordem dos Frades Menores e mártir, que, condenado à morte por ser sacerdote na Inglaterra, evitara a sentença com a fuga; mas depois, tendo regressado à pátria, sob o governo de Olivério Cromwell, foi novamente acusado de exercer o sacerdócio e sofreu o suplício da forca, na Irlanda [† 1653]
São Domingos Câm, presbítero e mártir. Depois de ter exercido a ação pastoral clandestinamente durante muitos anos com perigo de vida, continuando a fazê-lo no cárcere. Condenado à morte por ordem do imperador. Abraçou a cruz do Senhor, que firmemente recusara calcar aos pés, no Vietnam [† 1859]
Santos Marcos Chong e Aleixo Se-yong
Santos Marcos Chong Ui-bae e Aleixo U Se-yong são dois mártires cristãos da Coreia, canonizados pela Igreja Católica por sua fé inabalável e sacrifício durante as perseguições do século XIX. Eles são celebrados como exemplos de fidelidade a Cristo, mesmo diante da morte, e suas vidas contribuíram significativamente para o crescimento do catolicismo na Coreia. Abaixo está um resumo detalhado sobre quem foram, suas histórias, contextos históricos e legados.
O cristianismo chegou à Coreia no final do século XVI e início do XVII, inicialmente por iniciativa de leigos coreanos que tiveram contato com missionários jesuítas na China. No entanto, foi apenas no século XIX, com a chegada de missionários franceses da Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris, que a Igreja Católica começou a se estruturar no país. Esse período coincidiu com intensas perseguições contra os cristãos, promovidas pelo governo da dinastia Joseon, que via o catolicismo como uma ameaça à ordem confucionista e à soberania nacional. Milhares de cristãos, incluindo Marcos Chong e Aleixo Se-yong, foram martirizados entre 1791 e 1866, em ondas de repressão conhecidas como as "Perseguições Coreanas".
Marcos Chong Ui-bae nasceu em 1794, em uma família pagã de classe nobre (yangban) na Coreia. Ele foi professor, casou-se e ficou viúvo ainda jovem. Sua conversão ao catolicismo ocorreu após testemunhar a alegria e a coragem de dois sacerdotes martirizados, o que o levou a buscar o batismo. Após se tornar cristão, Marcos dedicou-se à vida de catequista, ensinando a fé a outros em um momento de grande risco.
Ele adotou um estilo de vida austero e pobre, vivendo com sua segunda esposa, também cristã, e dedicando-se à caridade. Ajudava os doentes, cuidava de órfãos e chegou a adotar uma criança. Durante as perseguições, Marcos auxiliou muitos católicos a fugirem do país, mas optou por permanecer na Coreia para continuar seu trabalho missionário. Em 1866, aos 70 anos, ele foi preso pelas autoridades. Mesmo sob tortura, recusou-se a denunciar outros cristãos, fornecendo apenas nomes de mártires já falecidos como prova de sua lealdade à fé e aos irmãos.
Aleixo U Se-yong nasceu em 1847, em uma família abastada. Ele conheceu o cristianismo por meio de um catequista e, ao encontrar Marcos Chong, foi instruído na fé e batizado. Sua conversão gerou forte oposição de sua família, que rejeitava o catolicismo. Diante das ameaças e agressões dos parentes, Aleixo escolheu abandonar sua casa em vez de renunciar à fé, retornando para viver com Marcos.
Aleixo destacou-se por seu trabalho na tradução do Catecismo e outros textos cristãos para o idioma coreano, contribuindo para a evangelização local. No entanto, em um momento de fraqueza durante as perseguições, ele negou sua fé e chegou a participar de um ataque contra um catequista. Arrependido, buscou o perdão em confissão com um bispo preso, mas acabou capturado. Restaurado na fé, permaneceu firme até o fim. Em 1866, aos 19 anos, foi preso junto com Marcos.
Em 11 de março de 1866, Marcos Chong Ui-bae e Aleixo U Se-yong foram decapitados por seus próprios parentes, um detalhe que reflete a intensidade do conflito entre a nova fé e as tradições familiares confucionistas. Marcos, com 70 anos, e Aleixo, com 19, caminharam juntos para o martírio, simbolizando a união entre gerações na defesa do Evangelho. Eles fazem parte dos 103 Mártires da Coreia, canonizados pelo Papa João Paulo II em 6 de maio de 1984, durante uma visita a Seul — a primeira canonização realizada fora de Roma.
O sacrifício de Marcos e Aleixo é visto como uma semente para o crescimento da Igreja na Coreia. Hoje, a Coreia do Sul tem uma comunidade católica significativa, com cerca de 11% da população (aproximadamente 5,8 milhões de fiéis em 2018, segundo o Catholic Pastoral Institute of Korea), um aumento notável desde o século XIX. A história desses santos destaca a fidelidade radical a Cristo, a coragem diante da perseguição e a força da reconciliação, como no caso de Aleixo, que voltou à fé após sua apostasia.
Na liturgia católica, eles são comemorados em 11 de março (data de seu martírio) e também em 20 de setembro, junto com os outros Mártires da Coreia. Sua vida inspira os fiéis a viverem o Evangelho com autenticidade, mesmo em tempos difíceis.
Uma oração tradicional associada a eles reflete seu testemunho:
“Senhor Jesus, que o testemunho de São Marcos Chong Ui-bae, catequista, e São Aleixo U Se-yong anime nosso coração à busca contínua do amor e fidelidade a Ti, sabendo que, com nossa adesão radical ao Evangelho, outros também serão alcançados, ainda que isto seja pago com o preço de nossa própria vida. Amém.”
Assim, Marcos e Aleixo permanecem como figuras poderosas de resistência, fé e esperança na história do cristianismo coreano.