Seu nome de batismo era Ana Eugênia Milleret de Brou. Anos mais tarde, se tornará Maria Eugênica de Jesus. A santa nasceu em Metz (França) em 25 de agosto 1817.
Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 10 de março:
Santos Caio e Alexandre, martirizados na perseguição dos imperadores na Frígia, hoje Turquia [† d. 171]
São Vítor, mártir, em cuja festa Santo Agostinho fez um sermão ao povo na África Proconsular [† data inc.]
São Macário, bispo de Jerusalém, por cuja exortação os Lugares Santos foram reparados e adornados com santas basílicas por Constantino Magno e Santa Helena, sua mãe [† c. 325]
São Simplício, papa, que, depois da invasão e destruição da Itália pelos bárbaros, reconfortou os atribulados, fomentou a unidade e fortaleceu a fé [† 483]
São Droctróvio, abade, que São Germano de Autun, seu mestre, colocou à frente do cenóbio de monges instituído em Paris [ c. 580]
Santo Atala, abade, insigne animador da vida cenobítica, que se retirou primeiro para o mosteiro de Lérins e depois para o de Luxeuil, onde sucedeu a São Columbano, manifestando sempre grande zelo e discernimento, no mosteiro de Bóbbio, na Itália [† 626]
São João Ogilvie, presbítero da Companhia de Jesus e mártir, que, depois de vários anos consagrados ao estudo da sagrada teologia, exilado em diversos reinos da Europa, foi ordenado sacerdote e regressou clandestinamente à pátria, onde exerceu intensa atividade pastoral junto dos seus compatriotas, até que, preso e condenado à morte no reinado de Jaime I, alcançou no patíbulo a coroa gloriosa do martírio, na Escócia [† 1615]
Beato Elias do Socorro (Mateus Elias Nieves del Castillo), presbítero da Ordem dos Frades de Santo Agostinho e mártir, que, encarcerado durante a perseguição por exercer secretamente o ministério pastoral, foi fuzilado em ódio ao sacerdócio, na cidade do México [† 1928]
Beato João José Lataste, presbítero da Ordem dos Pregadores e fundador da Congregação da Irmãs Dominicanas de Betânia, na França [† 1869]
Santa Maria Eugênia de Jesus
Santa Maria Eugênia de Jesus, nascida Ana Eugênia Milleret de Brou, é uma figura marcante na história da Igreja Católica, conhecida por sua vida de fé, ação e fundação da Congregação das Religiosas da Assunção. Vou detalhar sua vida, espiritualidade, legado e impacto, com base em informações históricas e religiosas.
Santa Maria Eugênia de Jesus nasceu em 25 de agosto de 1817, em Metz, na França, e faleceu em 10 de março de 1898, em Paris. Ela foi uma religiosa francesa que fundou a Congregação das Religiosas da Assunção, uma ordem dedicada à educação cristã e à transformação social, especialmente das mulheres, em um período de grandes mudanças sociais e políticas na Europa do século XIX. Sua vida foi marcada por uma profunda espiritualidade, coragem e um compromisso inabalável com o Evangelho.
Ana Eugênia nasceu em uma família abastada, mas não particularmente religiosa. Seu pai, Jacques Milleret, era um alto funcionário influenciado pelas ideias de Voltaire, enquanto sua mãe, Eleonora Eugênia de Brou, descendente da nobreza belga e luxemburguesa, era uma educadora, mas praticava apenas um formalismo religioso. A família tinha como lema "Nihil sine fide" (nada sem fé), mas esse ideal não era vivido plenamente no ambiente doméstico.
A infância de Ana Eugênia foi confortável, passada entre a casa natal em Metz e a propriedade da família em Preisch, na fronteira entre França, Alemanha e Luxemburgo. No entanto, sua vida foi marcada por tragédias familiares. Em 1830, seu pai perdeu a fortuna devido a operações financeiras mal-sucedidas, o que levou à venda de propriedades e à separação dos pais. Ana Eugênia, então com 13 anos, foi para Paris com a mãe, enquanto seu pai e irmão Luís permaneceram em Metz. Em 1832, uma epidemia de cólera tirou a vida de sua mãe, deixando-a órfã aos 15 anos. Ela foi acolhida por uma família amiga em Châlons, mas o ambiente mundano e as conversas anticlericais a deixaram insatisfeita, sentindo um vazio espiritual.
Um momento decisivo na vida de Ana Eugênia ocorreu no Natal de 1829, aos 12 anos, durante sua primeira comunhão. Ela teve uma experiência mística profunda, sentindo a presença de Jesus e ouvindo em seu coração: “Perderás tua mãe, mas serei para ti mais que uma mãe. Virá o dia em que deixarás tudo aquilo que amas para Me glorificar e servir àquela Igreja que não conheces.” Essa experiência plantou a semente de sua vocação.
Aos 18 anos, em 1836, durante a Quaresma, Ana Eugênia ouviu uma pregação do padre Lacordaire na Catedral de Notre-Dame, em Paris. Suas palavras reacenderam sua fé, e ela afirmou: “Sua palavra despertava em mim uma fé que nada pôde abalar. Minha vocação começou em Notre-Dame.” Apaixonada pela renovação do cristianismo, ela decidiu dedicar sua vida à Igreja, dizendo: “Quero dar todas as minhas forças, ou melhor, toda minha fragilidade, a essa Igreja!”
Em 1837, Ana Eugênia conheceu o padre Teodoro Combalot na Igreja de Santo Eustáquio. Ele tinha o sonho de fundar uma congregação sob a proteção de Nossa Senhora da Assunção, focada na educação de meninas para regenerar a sociedade. Combalot viu em Ana Eugênia, então com 20 anos, as qualidades necessárias para liderar essa obra. Apesar de sua hesitação inicial — “Não conheço a vida religiosa. Tenho tudo a aprender. Sou incapaz de fundar qualquer coisa dentro da Igreja de Deus” —, ela aceitou o desafio após ser convencida de que “Jesus Cristo será o Fundador de nossa Assunção; seremos apenas instrumentos.”
Aos 21 anos, após um período de preparação com as beneditinas e um noviciado com as visitandinas, Ana Eugênia fundou a Congregação das Religiosas da Assunção em 1839, com mais três companheiras. A missão da congregação era transformar a sociedade por meio do Evangelho, através da educação cristã, formando mulheres que fossem agentes de mudança. Ana Eugênia, agora Irmã Maria Eugênia de Jesus, acreditava que a fé e a luta social deveriam caminhar juntas, e sonhava com “um estado social em que nenhuma pessoa humana tenha que sofrer a opressão de outra.”
A fundação enfrentou grandes dificuldades, muitas delas causadas pelo próprio padre Combalot, que, apesar de sua generosidade, era inconstante e volúvel. Ele mudava de ideia frequentemente, dando ordens contraditórias, como estudar os Salmos e depois abandonar os livros, ou impor penitências severas após orientações mais leves. Maria Eugênia, com humildade e obediência, seguia suas ordens, mas, inspirada pela graça, decidiu não deixar o futuro da congregação nas mãos de alguém tão instável. Ela comunicou a situação ao Arcebispo de Paris, Dom Dionísio Augusto Affre, e assumiu a liderança da obra.
Outros desafios vieram ao longo dos anos, incluindo a morte de pessoas próximas, como o padre Emmanuel d’Alzon, um de seus apoiadores, em 1880, e a irmã Teresa-Emanuel, em 1888, o que aprofundou sua solidão. Apesar disso, Maria Eugênia permaneceu firme, guiada por sua fé inabalável.
A espiritualidade de Maria Eugênia era centrada no mistério da Encarnação, na Eucaristia e no anúncio do Reino de Deus. Ela via a Eucaristia como o coração da vida espiritual, e sua congregação tinha como devoção principal a recitação do Ofício Divino, a oração oficial da Igreja. Em um texto de 1882, ela escreveu: “Permanecer junto a Jesus Cristo na Santa Eucaristia é apenas a consequência da necessidade que temos de conhecê-Lo, de servi-Lo e de amá-Lo perfeitamente.” Sua vida era uma combinação de contemplação e ação, e ela incentivava suas irmãs a serem “contemplativas da ação.”
Maria Eugênia também tinha uma visão progressista para sua época. Ela lutava pela igualdade de oportunidades para as mulheres, que, no século XIX, tinham um papel secundário na sociedade, e enfrentava o ateísmo crescente com a convicção de que o Evangelho poderia transformar a sociedade.
Sob sua liderança, a Congregação das Religiosas da Assunção cresceu e se espalhou. Entre 1854 e 1895, novas comunidades foram fundadas na França, Inglaterra, Espanha, Nova Caledônia, Itália, América Latina e Filipinas. Hoje, a congregação está presente em mais de 30 países, incluindo o Brasil, onde chegou em 1911, atuando em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e no Distrito Federal.
Na velhice, a saúde de Maria Eugênia decaiu. Em 1897, ela sofreu uma paralisia que a debilitou progressivamente. Até seus últimos momentos, expressou bondade através de seu olhar, e uma de suas últimas frases foi: “Só me resta ser boa.” Ela faleceu em 10 de março de 1898, aos 80 anos, em Paris, e foi sepultada na casa-mãe da congregação.
Maria Eugênia foi beatificada em 9 de fevereiro de 1975 pelo Papa Paulo VI, que a apresentou como um exemplo de santidade e lançou um desafio aos cristãos: “Ousem viver a santidade.” Foi canonizada em 3 de junho de 2007, na Solenidade da Santíssima Trindade, pelo Papa Bento XVI, que destacou: “Maria Eugênia Milleret, durante a sua existência, encontrou forças para a sua missão, associando incessantemente contemplação e ação.” Sua festa litúrgica é celebrada em 10 de março.
O milagre que levou à sua canonização envolveu a cura de Risa Bondoc, uma menina das Filipinas. Nascida em 1995, Risa tinha graves problemas de saúde devido a uma condição neurológica que impedia a comunicação entre os hemisférios cerebrais. Em 1997, foi colocada sobre o túmulo de Maria Eugênia em Paris, e uma relíquia da santa foi usada durante as orações por sua cura. Contra todas as expectativas médicas, Risa começou a se desenvolver normalmente, aprendendo a andar, falar (tagalog e inglês) e estudar. Aos 12 anos, em 2007, sua recuperação foi considerada milagrosa, e o Papa Bento XVI aprovou o milagre para a canonização.
Transformação Social: Maria Eugênia foi uma pioneira em sua visão de que a educação cristã poderia transformar a sociedade. Sua ênfase na formação de mulheres como agentes de mudança foi revolucionária para o século XIX.
Modelo de Fé e Ação: Sua vida exemplifica a união entre contemplação e ação, mostrando que a fé deve ter consequências práticas na luta por justiça e igualdade.
Inspiração para a Educação: A Congregação das Religiosas da Assunção continua sua missão de educar e formar pessoas para serem testemunhas do Evangelho, com presença global.
Símbolos: Maria Eugênia é frequentemente associada à Eucaristia, ao Evangelho e à educação. Em representações, pode ser vista com um livro (simbolizando a educação) ou em atitude de oração diante do Santíssimo Sacramento.
Visão Progressista: Em um tempo de forte ateísmo e desigualdade, Maria Eugênia defendeu a igualdade de oportunidades para as mulheres e via o Evangelho como uma força de libertação social.
Frases Marcantes: “O essencial é que o Bem se faça, seja por nossas mãos, sejam por outras.” Outra frase sua reflete sua humildade: “O desânimo está muito longe do meu espírito. Estamos bem convencidas de não haver em nós a santidade exigida pelas obras de Deus.”
Oração Pessoal: Ela pedia a Deus “o dom da oração contínua, o deixar-me a mim mesma e ao apoio humano para um total apoio em Deus.”
Influência de Lacordaire e Combalot: O padre Lacordaire a ajudou a redescobrir sua fé, enquanto Combalot, apesar de suas contradições, foi o catalisador para a fundação da congregação.
Santa Maria Eugênia de Jesus é um exemplo de como a fé pode ser vivida de forma prática e transformadora, mesmo em meio a adversidades. Sua coragem para “pensar diferente” e “agir diferente” a torna uma inspiração para os dias atuais, especialmente em contextos onde a educação e a igualdade ainda são desafios. Sua congregação continua a impactar vidas ao redor do mundo, promovendo valores cristãos e justiça social.