Filho de camponeses, São Nicolau nasceu na cidade de Flüe, e assim o nome “Nicolau de Flue” que hoje é a Suíça.
Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 21 de março:
São Serapião, anacoreta, no Egito († data inc.)
Santos mártires de Alexandria, que, no tempo do imperador Constâncio e do prefeito Filágrio, dentro das igrejas invadidas por arianos e pagãos, foram mortos na Sexta-Feira da Paixão do Senhor. († 339)
São Lupicino, abade, que, com o seu irmão São Romão, seguiu a observância da vida monástica nos montes Jura, na atual França († 480)
Santo Endeu, abade, que fundou na ilha de Aran um cenóbio tão célebre que, pela sua fama, era chamada ilha dos Santos, na Irlanda († c. 542)
São Tiago Confessor, que lutou arduamente pelo culto das sagradas imagens e terminou a sua vida com um glorioso martírio, onde hoje é Istambul, na Turquia († c. 824)
São João, bispo, anteriormente abade de Bonnevaux, que sofreu muitas adversidades pela defesa da justiça e ajudou com exímia caridade os camponeses, os pobres e os mercadores arruinados pelas dívidas, na França († c.1145)
Beato Tomás Pilchard, presbítero e mártir, que no reinado de Isabel I, foi condenado ao suplício da forca em ódio ao sacerdócio, na Inglaterra. Com ele comemora-se também Guilherme Pike, mártir. († 1591)
Beato Mateus Flathers, presbítero e mártir, que tendo sido aluno do Colégio dos Ingleses de Douai, no reinado de Jaime I foi dilacerado vivo pela sua fidelidade a Cristo, na Inglaterra († 1608)
Santo Agostinho Zhao Rong, presbítero e mártir, que, durante a perseguição, foi preso e morto pelo nome de Cristo num dia incerto de primavera, na China († 1815)
Santa Benedita Cambiágio Frassinello, que fundou o Instituto das Irmãs Beneditinas da Providência, para a formação das jovens pobres e abandonadas, na Itália († 1858)
Beato Miguel Gómez Loza, pai de família e mártir, no México († 1928)
São Nicolau de Flüe
São Nicolau de Flüe, também conhecido como "Irmão Klaus" (em alemão, Bruder Klaus), é uma figura central na história religiosa e cultural da Suíça, sendo reconhecido como o santo padroeiro do país. Nascido em 1417, em Flüeli, perto de Sachseln, no cantão de Obwalden, e falecido em 21 de março de 1487, ele foi um eremita, asceta, místico e mediador de paz, cuja vida reflete uma transição notável entre os deveres terrenos e uma entrega total à espiritualidade. Canonizado pelo Papa Pio XII em 1947, sua festa litúrgica é celebrada em 21 de março no calendário universal da Igreja Católica, exceto na Suíça e na Alemanha, onde é comemorada em 25 de setembro.
Nicolau nasceu em uma família de camponeses abastados, filho de Heini von Flüe e Hemma Ruobert. Desde jovem, demonstrou inclinação à piedade e à contemplação, mas as circunstâncias da vida o levaram por outros caminhos antes de realizar seu chamado espiritual. Aos 21 anos, ingressou no exército, participando da Guerra de Zurique (1440-1446) contra o cantão rebelde de Zurique, parte da Antiga Confederação Helvética. Mais tarde, em 1460, lutou na Guerra de Thurgau contra o arquiduque Sigismundo da Áustria, alcançando o posto de capitão. É dito que combatia com uma espada em uma mão e um rosário na outra, simbolizando sua dualidade entre ação e devoção.
Por volta dos 30 anos, casou-se com Dorothea Wyss, uma jovem virtuosa de família agrícola, com quem teve dez filhos — cinco meninos e cinco meninas. Durante esse período, Nicolau também se destacou na vida pública: foi conselheiro, juiz e deputado em Obwalden, ganhando respeito por sua integridade e senso de justiça. Contudo, seu coração permanecia inquieto, atraído por uma vida de maior entrega a Deus. Aos 50 anos, em 1467, após educar seus filhos e com o consentimento da esposa, deixou a família para seguir sua vocação eremítica. Um de seus filhos tornou-se vigário de Sachseln, e um neto, Conrad Scheuber, faleceu com fama de santidade.
Inicialmente, Nicolau planejou ingressar nas comunidades monásticas da Alsácia, mas, após uma visão mística, decidiu permanecer na Suíça. Estabeleceu-se no desfiladeiro de Ranft, perto de sua casa, onde construiu uma pequena cabana. Ali, viveu por cerca de 20 anos em extrema simplicidade: sua cama era uma tábua, seu travesseiro uma pedra. Um fato extraordinário marcou essa fase: há testemunhos históricos de que, por 19 anos e meio, ele se alimentou exclusivamente da Eucaristia, sem consumir outros alimentos, um fenômeno que impressionou seus contemporâneos e foi investigado pela Igreja.
Apesar de buscar a solidão, Nicolau não se isolou completamente. Sua cabana tornou-se um ponto de peregrinação, atraindo pessoas em busca de conselhos espirituais e bênçãos, desde camponeses até autoridades. Em 1469, seus vizinhos construíram uma capela e uma ermida no local, que foram consagradas, e o Papa Paulo II autorizou a recepção de peregrinos, integrando Ranft ao Caminho de Santiago.
Nicolau desempenhou um papel crucial na história suíça como mediador de conflitos. Em 1473, interveio contra uma ameaça austríaca, e em 1481, sua ação foi decisiva para evitar uma guerra civil durante a Dieta de Stans. Naquele ano, tensões entre cantões rurais e urbanos ameaçavam dissolver a Confederação Helvética. Quando as negociações falharam, o pároco de Stans apresentou uma carta de Nicolau, na qual ele exortava à reconciliação e oferecia conselhos práticos. A mensagem teve um impacto profundo, levando os líderes a jurarem paz, um evento que consolidou a unidade suíça. Por isso, ele é chamado de "Pai da Pátria" e visto como um símbolo do espírito pacifista da Suíça moderna.
A espiritualidade de Nicolau era profundamente mística. Ele experimentava visões, como a do "Roda Mística", que simbolizava a Trindade e a unidade divina. Sua oração mais conhecida reflete sua entrega total a Deus:
"Meu Senhor e meu Deus, afastai de mim tudo o que me distancia de vós. Meu Senhor e meu Deus, dai-me tudo o que me aproxima de vós. Meu Senhor e meu Deus, livrai-me de mim mesmo e concedei-me possuir somente a vós."
Essa prece, citada no Catecismo da Igreja Católica (nº 226), resume seu desejo de desapego e união com o divino.
Nicolau faleceu em 21 de março de 1487, aos 70 anos, no dia exato de seu aniversário. Seu funeral atraiu multidões, e ele foi sepultado na capela de Sachseln, que se tornou um importante local de peregrinação. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi invocado como protetor espiritual da Suíça, e em 1941 os bispos prometeram uma peregrinação em sua honra se o país fosse poupado do conflito.
Beatificado em 1669, Nicolau foi canonizado em 1947 por Pio XII, reconhecido por sua santidade e contribuições à paz. Sua vida inspira tanto católicos quanto protestantes na Suíça, onde é o santo mais popular. É também patrono da Guarda Suíça Pontifícia, fundada em 1506, e do movimento católico rural Katholischen Landvolkbewegung (KLB). Em 1984, o Papa João Paulo II celebrou uma missa em Flüeli-Ranft e rezou em seu túmulo durante uma visita à Suíça.
Misticismo: Apesar de não saber ler nem escrever, Nicolau é considerado um dos maiores místicos da Igreja Católica, com visões que influenciaram sua teologia pessoal.
Neutralidade suíça: Sua influência é associada à tradição de neutralidade do país, que raramente se envolve em conflitos internacionais.
Relíquias: Seu corpo repousa na igreja de Sachseln, atraindo peregrinos até hoje.
São Nicolau de Flüe é um exemplo de harmonia entre a vida ativa e contemplativa, um homem que, mesmo em meio a deveres familiares e cívicos, encontrou seu caminho para Deus, deixando um legado de paz e santidade que ressoa até os dias atuais.