Maria Josefa do Coração de Jesus foi a primogênita de Barnabé Sancho, serralheiro, e de Petra de Guerra, doméstica.
Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 20 de março:
Santo Arquipo, companheiro do apóstolo São Paulo, que o menciona nas suas epístolas a Filémon e aos Colossenses.
Santos Paulo, Cirilo e outro, mártires em Antioquia, na Síria, atualmente na Turquia, († data inc.)
Santo Urbício, bispo em Metz, na Gália Bélgica, hoje na França.(† c. 450)
Em Braga, cidade da Galécia, hoje em Portugal, São Martinho, bispo, oriundo da Panónia, na atual Hungria.(† c. 579)
São Cutberto, bispo de Lindisfarne. Na ilha de Farne, na Nortúmbria, na atual Inglaterra. († 687)
No mosteiro de Fontenelle, na Nêustria, atualmente na França, a deposição de São Vulfrano, que, sendo monge, foi eleito bispo de Sens. († c. 700)
São Nicetas, bispo de Apolónia, na Macedónia. († 733)
Santos vinte monges em Sena, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália. († 797)
Beato Ambrósio Sansedóni, presbítero da Ordem dos Pregadores em Sena, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália. († 1287)
São João Nepomuceno, presbítero e mártir em Praga, na Boémia, atualmente na Chéquia. († 1393)
Beato Baptista Spagnóli, presbítero da Ordem dos Carmelitas na Mântua, na Lombardia, região da Itália. († 1516)
Beato Hipólito Galantíni, que fundou a Irmandade da Doutrina Cristã em Florença, na Etrúria, atualmente na Toscana, região da Itália.(† 1619)
Beata Joana Verón, virgem e mártir em Ernée, localidade do território de Mayenne, na França. († 1794)
Beato Francisco de Jesus Maria e José (Francisco Palau Quer), presbítero da Ordem dos Carmelitas Descalços, em Tarragona, na Espanha.(† 1872)
São José Bilczewski, bispo em L’viv, na Ucrânia, († 1923)
Santa Maria Josefa
Santa María Josefa del Corazón de Jesús, nascida María Josefa Sancho de Guerra (7 de setembro de 1842 – 20 de março de 1912), foi uma religiosa espanhola, fundadora do Instituto das Servas de Jesus da Caridade, canonizada pela Igreja Católica em 2000 por São João Paulo II. É reconhecida como a primeira santa basca e dedicou sua vida ao cuidado dos enfermos, pobres, idosos e crianças, marcada por uma profunda espiritualidade centrada na Eucaristia, no Sagrado Coração de Jesus e na Virgem Maria.
María Josefa nasceu em Vitoria, no País Basco, Espanha, filha mais velha de Bernabé Sancho, um artesão de cadeiras, e Petra de Guerra, dona de casa. Batizada no dia seguinte ao nascimento, foi confirmada aos dois anos, em 10 de agosto de 1844, conforme o costume da época. Perdeu o pai aos sete anos, o que marcou sua infância. Sua mãe a preparou para a Primeira Comunhão, recebida aos dez anos. Aos 15, foi enviada a Madrid para viver com parentes e completar sua educação, onde desenvolveu uma forte inclinação pela solitude, piedade e caridade.
Desde jovem, sentiu um chamado à vida religiosa, afirmando mais tarde: “Nasci com vocação religiosa”. Inicialmente, planejou ingressar nas Concepcionistas contemplativas de Aranjuez em 1860, mas uma grave crise de tifo a impediu. Após a recuperação, percebeu que Deus a chamava para uma vida religiosa ativa. Em 1865, entrou no Instituto das Servas de Maria, fundado por Santa Soledad Torres Acosta, em Madrid, assumindo o nome María Josefa del Corazón de María. Durante o noviciado, porém, enfrentou dúvidas sobre se aquele era seu verdadeiro caminho.
Aconselhada por Santa Soledad e por Santo Antônio Maria Claret, que profetizou que Deus a reservava para algo inesperado, María Josefa deixou as Servas de Maria em 1871, junto com quatro companheiras, para fundar um novo instituto. Com o apoio do cardeal arcebispo de Toledo, estabeleceu em Bilbao o Instituto das Servas de Jesus da Caridade, dedicado exclusivamente à assistência de enfermos em hospitais e domicílios, além de idosos, crianças e desamparados.
O Instituto das Servas de Jesus foi fundado na primavera de 1871, quando María Josefa tinha 29 anos. Ela assumiu o nome religioso María Josefa del Corazón de Jesús e foi superiora geral por 41 anos, até sua morte. Sua missão era clara: cuidar dos necessitados com amor e sacrifício, vendo Cristo em cada pessoa atendida. Ensinava às suas irmãs que a assistência não se limitava a remédios e alimentos, mas incluía a “assistência do coração”, com empatia e atenção às necessidades espirituais e emocionais dos sofredores.
Sob sua liderança, o instituto cresceu rapidamente, apesar de desafios como as Guerras Carlistas (1872-1876), que dificultaram a consolidação inicial. Recebeu aprovação diocesana em 1874 e pontifícia em 1886. María Josefa realizou viagens árduas para visitar as comunidades, muitas vezes enfrentando oposição inicial, como a do sacerdote Mariano José de Ibargüengoitia, que mais tarde se tornou um grande aliado.
Em 1892, abriu uma creche pioneira em Tolosa, Guipúzcoa, demonstrando inovação no cuidado infantil. Até sua morte, fundou 43 casas, com mais de mil religiosas. Hoje, o instituto está presente em 16 países, incluindo Espanha, Itália, Portugal, Chile, Argentina, México, Filipinas e outros, com cerca de 100 casas, adaptando-se às necessidades modernas, como residências para idosos e creches em regiões pobres da América Latina e Ásia.
María Josefa era profundamente devota da Eucaristia e do Sagrado Coração de Jesus, considerando a caridade o fundamento da vida comunitária. Encorajava suas religiosas a viverem em espírito contemplativo, mesmo em meio à vida ativa, com oração constante e sacrifício. Dizia: “A caridade e o amor mútuo formam, já nesta vida, o céu das comunidades”. Sua espiritualidade era marcada pela aceitação da cruz, participando do sofrimento redentor de Cristo, e pela compaixão, pedindo às irmãs que fossem “muito compassivas com os enfermos, pois no leito da dor todos são igualmente necessitados”.
A partir de 1901, María Josefa enfrentou uma grave doença cardíaca, agravada por problemas pulmonares, que a deixou debilitada por 12 anos. Confinada a uma cama ou poltrona em Bilbao, governava o instituto por meio de cartas, nas quais transmitia sua rica espiritualidade e orientações práticas. Mesmo sofrendo, pedia para ser tratada como uma “pobre religiosa”, sem privilégios. Faleceu em 20 de março de 1912, aos 69 anos, após anos de intenso sofrimento, causando grande comoção em Bilbao e nas localidades onde o instituto atuava. Seus restos mortais foram trasladados em 1926 do cemitério municipal para a capela da Casa-Mãe em Bilbao, onde permanecem.
A causa de canonização começou em 1951, em Bilbao. Em 7 de janeiro de 1972, foi declarada Serva de Deus. Em 7 de setembro de 1989, tornou-se Venerável, com suas virtudes heroicas reconhecidas. Foi beatificada em 27 de setembro de 1992 e canonizada em 1 de outubro de 2000 por São João Paulo II, em Roma, junto com outros 122 santos, incluindo 120 mártires da China. Sua festa litúrgica é celebrada em 20 de março.
María Josefa foi declarada Filha Predileta de Vitoria em 1942, no centenário de seu nascimento. Em Bilbao, uma praça no bairro de San Ignacio leva seu nome, e a paróquia Santa María Josefa del Corazón de Jesús, em Miribilla, construída em 2008, homenageia sua dedicação aos trabalhadores enfermos das antigas minas da região. Sua vida inspira até hoje, especialmente pelo exemplo de caridade incansável e humildade.