Carlos de Jesus, nasceu em Estrasburgo, na França, em 15 de setembro de 1858. Aos 6 anos, ficou órfão após perder seus pais. Foi criado pela irmã Marie, sob os cuidados do avô. A formação cristã recebida na infância permitiu-lhe fazer sua Primeira Comunhão em 1870.
Outros santos e beatos celebrados em 01 de dezembro:
Comemoração de São Nahum, profeta, que pregou Deus como Aquele que governa o curso dos tempos e julga os povos com justiça.
Em Milão, na Transpadânia, agora na Lombardia, região da Itália, São Castriciano, bispo. († s. III)
Em Poitiers, na Aquitânia, atualmente na França, Santa Florência, virgem. († s. IV)
Em Fréjus, na Provença, atual França, São Leôncio, bispo. († c. 433)
Em Le Mans, na Nêustria, hoje na França, São Donolo, bispo. (†581)
Em Verdun, na Austrásia, também na hodierna França, Santo Agérico, bispo. († 588)
Em Noyon, na Nêustria, igualmente na atual França, Santo Elói, bispo. († 660)
Em Cotignola, na Emília-Romanha, região da Itália, o Beato António Bonfadíni, presbítero da Ordem dos Frades Menores. († 1482)
Em Colchester, na Inglaterra, o Beato João Beche, presbítero da Ordem de São Bento e mártir. († 1539)
Em Londres, também na Inglaterra, os santos Edmundo Campion, Rodolfo Sherwin e Alexandre Briant, presbíteros e mártires. († 1581)
Em York, na Inglaterra, o Beato Ricardo Langley, mártir.(† 1586)
Em Lisboa, cidade de Portugal, a Beata Maria Clara do Menino Jesus, virgem, que fundou a Congregação das Irmãs Hospitaleiras da Imaculada Conceição. († 1899)
No campo de concentração de Auschwitz, perto de Cracóvia, na Polônia, o Beato Casimiro Sykulski, presbítero e mártir. († 1941)
Em Dire Dawa, cidade da Etiópia, a Beata Liduína Meneguzzi, virgem do Instituto de São Francisco de Sales. († 1941)
Em Isiro, localidade da região interior da República Popular do Congo, a Beata Clementina Nengapeta Anuarite, virgem da Congregação das Irmãs da Sagrada Família e mártir. († 1964)
Em Sassuolo, na Emília-Romanha, Itália, a Beata Maria Rosa Pellési , virgem da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Cristo.
São Carlos de Foucauld
São Carlos de Foucauld (1858-1916) é uma figura inspiradora da Igreja Católica, conhecido por sua vida de conversão radical, espiritualidade profunda e dedicação aos mais pobres. Canonizado em 15 de maio de 2022 pelo Papa Francisco, ele é celebrado como santo em 1º de dezembro. A seguir, apresento um panorama completo sobre sua vida, legado e espiritualidade:
Charles Eugène de Foucauld nasceu em 15 de setembro de 1858, em Estrasburgo, França, em uma família aristocrática. Aos seis anos, ficou órfão de pai e mãe e foi criado por seu avô materno, o coronel Beaudet de Morlet, junto com sua irmã Marie. Recebeu uma educação cristã sólida na infância, mas, na adolescência, afastou-se da fé, levando uma vida marcada por prazeres, luxo e indisciplina.
Aos 18 anos, ingressou na prestigiosa Escola Militar de Saint-Cyr e, posteriormente, na Escola de Cavalaria de Saumur. Como oficial do exército francês, foi enviado à Argélia, mas sua conduta rebelde e vida dissoluta levaram à sua expulsão por indisciplina. Após herdar uma fortuna do avô, continuou a buscar aventuras e prazeres, mas um vazio interior persistia.
Em 1882, Charles deixou o exército e iniciou uma carreira como explorador no Norte da África. Entre 1883 e 1884, realizou uma expedição arriscada ao Marrocos, disfarçado de judeu para evitar hostilidades, já que europeus cristãos eram malvistos na região. Durante essa jornada, o fervor religioso dos muçulmanos que encontrou o impressionou profundamente, despertando nele uma inquietação espiritual: “Meu Deus, se existes, faze-me conhecê-Lo”.
De volta à França, foi acolhido calorosamente por sua família cristã, o que o levou a refletir sobre sua vida. Em 1886, aos 28 anos, procurou o padre Henri Huvelin, um sacerdote parisiense conhecido por sua sabedoria. Durante uma confissão, Charles teve uma experiência de conversão radical, declarando mais tarde: “Assim que compreendi que Deus existia, soube que não poderia viver senão para Ele”. Esse momento marcou o início de sua transformação.
Após sua conversão, Charles buscou uma vida de simplicidade e entrega total a Deus. Em 1890, ingressou no mosteiro trapista de Notre-Dame-des-Neiges, adotando o nome de Marie-Albéric. Mais tarde, viveu como eremita na Terra Santa, inspirado pela vida oculta de Jesus em Nazaré. Essa experiência moldou sua espiritualidade, centrada na imitação de Cristo na humildade e no silêncio.
Ordenado sacerdote em 1901, aos 43 anos, decidiu viver no deserto do Saara, na Argélia. Primeiro em Béni Abbès e depois em Tamanrasset, entre os tuaregues, um povo nômade e pobre, ele adotou o nome de “Irmão Carlos de Jesus”. Sua missão não era converter diretamente, mas testemunhar o Evangelho por meio de sua vida, sendo um “irmão universal” para todos, independentemente de religião ou origem.
No Saara, Charles viveu em extrema pobreza, dedicando-se à oração, à meditação das Escrituras e ao serviço aos tuaregues. Aprendeu sua língua, estudou sua cultura e compilou o primeiro dicionário tuaregue-francês, contribuindo para a etnografia e linguística. Apesar de sonhar em fundar uma congregação religiosa baseada na “Vida de Nazaré”, ninguém se juntou a ele durante sua vida.
Em 1º de dezembro de 1916, aos 58 anos, foi assassinado por um grupo de assaltantes em seu eremitério em Tamanrasset, em meio a tensões relacionadas à Primeira Guerra Mundial. Sua morte foi vista por muitos como um martírio, e sua influência cresceu após seu falecimento.
Charles de Foucauld foi declarado venerável por São João Paulo II em 2001, beatificado por Bento XVI em 2005 e canonizado por Papa Francisco em 2022. Seu exemplo inspirou a criação de diversas comunidades, como os Pequenos Irmãos e Pequenas Irmãs de Jesus, que seguem sua espiritualidade de simplicidade, fraternidade e presença entre os pobres.
A espiritualidade de São Carlos de Foucauld é marcada por:
Imitação de Jesus em Nazaré: Uma vida escondida, simples e dedicada à oração.
Fraternidade Universal: Ser irmão de todos, sem distinção, vivendo o amor radical.
Deserto: Símbolo de silêncio, contemplação e encontro com Deus.
Eucaristia: Centro de sua vida, fonte de força para sua missão.
Uma de suas orações mais conhecidas, a “Oração do Abandono”, reflete sua entrega total a Deus:
“Pai, eu me abandono a Ti. Faze de mim o que quiseres. [...] Entrego-me às Tuas mãos sem medida, com infinita confiança, porque Tu és meu Pai.”
São Carlos de Foucauld é um modelo para os tempos modernos, especialmente em um mundo marcado por divisões e materialismo. Sua vida desafia os cristãos a viverem a fé de forma autêntica, priorizando os últimos e buscando a proximidade com Deus na simplicidade. Papa Francisco o destacou como exemplo de mansidão e ternura na evangelização.
Em resumo, São Carlos de Foucauld foi um homem que passou de uma vida de excessos a uma entrega total, tornando-se um “irmão universal” cujo legado continua a iluminar a Igreja e o mundo. Sua festa litúrgica, em 1º de dezembro, é um convite a refletir sobre a conversão, a fraternidade e a busca por Deus nos desertos da vida.