São Clemente Maria Hofbauer nasceu em 1751 na República Tcheca. Seus pais tiveram doze filhos, ele foi o nono filho dessa família que era muito simples e pobre.
Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 15 de março:
São Menigno, sofreu o martírio no tempo do imperador Décio, na atual Turquia [† c. 250]
São Zacarias, Papa, que susteve a veemência da invasão dos Lombardos, indicou aos Francos o justo governo, dotou de igrejas os povos da Germânia e assegurou a união com a Igreja Oriental, governando a Igreja de Deus com grande sabedoria e prudência [† 752]
Santa Leocrícia, virgem e mártir, descendente de família moura, que aderiu secretamente à fé de Cristo e, tendo sido presa com Santo Eulógio, quatro dias depois do martírio deste santo foi degolada e emigrou para a glória eterna, em Córdova, na Espanha [† 859]
São Sisebuto, abade de São Pedro de Cardeña, na Espanha [† 1086]
Beato Guilherme Hart, presbítero e mártir, que, ordenado no Colégio Inglês de Roma, regressou à pátria. No reinado de Isabel I, por ter persuadido algumas pessoas a abraçar a fé católica, foi enforcado e estripado na Inglaterra [† 1583]
Santa Luísa de Marillac, viúva, que orientou com o seu exemplo o Instituto das Filhas da Caridade na assistência aos indigentes, dando realização perfeita à obra delineada por São Vicente de Paulo, na França [† 1660]
Beato Pio Conde Conde, presbítero da Sociedade Salesiana e mártir, que durante a perseguição religiosa, foi fuzilado em ódio ao sacerdócio, na Espanha [† 1936]
Beato João Adalberto Balicki, presbítero, que exerceu diversas atividades apostólicas em favor de todo o povo de Deus. Empenhou-se particularmente no anúncio do Evangelho e na assistência às jovens errantes, na Polónia [† 1948]
Beato Artémides Zátti, religioso da Sociedade de São Francisco de Sales, que, animado pelo seu grande zelo missionário, partiu para as inóspitas terras da Patagónia e passou toda a sua vida no hospital desta cidade, acudindo com incansável magnanimidade, paciência e humildade às necessidades dos indigentes, na Argentina [† 1951]
São Clemente Maria Hofbauer
São Clemente Maria Hofbauer (1751-1820) é um santo da Igreja Católica, conhecido como o "Apóstolo de Viena" e o "segundo fundador" da Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas). Ele foi um homem de fé profunda, simplicidade e zelo missionário, que dedicou sua vida à evangelização, ao cuidado dos pobres e à renovação da vida cristã em tempos difíceis na Europa. Aqui está um resumo abrangente sobre sua vida, obra e legado:
São Clemente nasceu em 26 de dezembro de 1751, em Tasswitz, na Morávia (atual República Tcheca), então parte do Império Austríaco. Seu nome de batismo era Johannes (João) Hofbauer, e ele era o nono de doze filhos de Paulo Hofbauer, um açougueiro, e Maria Steer. A família era pobre, e a situação piorou quando seu pai morreu, deixando João com apenas 6 anos. Sua mãe, uma mulher profundamente religiosa, apontou para um crucifixo e disse: "De agora em diante, Ele é teu pai." Essas palavras marcaram sua vida e despertaram nele um desejo precoce pelo sacerdócio.
Por causa da pobreza, Clemente não pôde estudar formalmente na infância. Aos 14 anos, começou a aprender latim com o pároco local, mas a morte deste interrompeu seus estudos. Para sustentar a família, ele aprendeu o ofício de padeiro, trabalhando primeiro em Znaim (atual Znojmo) em 1767 e, em 1770, na padaria do mosteiro premonstratense de Klosterbruck. Durante esse período, ele ajudava os pobres que buscavam auxílio no mosteiro, especialmente em tempos de guerra e fome.
Clemente sentia um forte chamado à vida religiosa, mas as circunstâncias o impediam de ingressar em um seminário ou ordem. Em 1771, aos 19 anos, fez uma peregrinação a Roma e decidiu tornar-se eremita em Tivoli, Itália, no santuário de Nossa Senhora de Quintiliolo. Lá, com a permissão do bispo local (futuro Papa Pio VII), adotou o nome Clemente Maria, refletindo sua devoção a São Clemente de Roma e à Virgem Maria. Viveu como eremita por alguns anos, mas em 1782 o imperador José II, com suas políticas iluministas, aboliu os eremitérios no Império Austríaco, forçando-o a retornar a Viena.
De volta à cidade, Clemente trabalhou novamente como padeiro. Durante esse tempo, conheceu duas senhoras ricas e piedosas que, impressionadas por sua fé, ofereceram-se para custear seus estudos. Aos 29 anos, ele ingressou na Universidade de Viena, onde estudou filosofia e teologia. No entanto, o ambiente acadêmico, influenciado pelo josefismo (uma forma de controle estatal sobre a Igreja), era hostil à espiritualidade tradicional, o que o frustrava.
Em 1784, Clemente fez outra peregrinação a Roma com seu amigo Tadeu Hübl. Lá, eles conheceram a Congregação do Santíssimo Redentor, fundada por Santo Afonso de Ligório em 1732. Inspirados pela missão redentorista de evangelizar os pobres e abandonados, ingressaram no noviciado em São Julião, Roma. Em 19 de março de 1785, na festa de São José, professaram os votos de pobreza, castidade e obediência. Dez dias depois, em 29 de março, foram ordenados sacerdotes em Alatri, Itália.
Logo após a ordenação, o Superior Geral dos Redentoristas, Pe. Francesco de Paola, confiou a Clemente e Tadeu a missão de expandir a congregação ao norte dos Alpes, uma tarefa desafiadora para dois jovens sacerdotes recém-ordenados. Para Santo Afonso, essa expansão era um sinal da perenidade da congregação.
Devido às restrições do josefismo na Áustria, que proibia novas ordens religiosas, Clemente não pôde trabalhar em sua terra natal. Em 1787, a pedido do núncio apostólico, ele foi enviado a Varsóvia, na Polônia, onde assumiu a igreja de São Beno. A Polônia vivia um período de crise: guerras, pobreza e secularização haviam enfraquecido a fé. Clemente encontrou uma população espiritualmente desorientada e um clero em declínio.
Com grande energia, ele revitalizou a vida cristã. Pregava sermões simples e poderosos, atendia longas filas no confessionário e organizava cerimônias litúrgicas belas e solenes para atrair os fiéis. Fundou orfanatos, como o Refúgio Menino Jesus, e escolas para crianças pobres, sustentando essas obras com esmolas que ele mesmo pedia. Sua fama cresceu, e São Beno tornou-se um centro espiritual em Varsóvia. Em 1791, os Redentoristas ampliaram suas obras, abrindo um internato para meninas.
No entanto, em 1808, as guerras napoleônicas e as políticas anticlericais de Napoleão levaram ao fechamento da igreja e à expulsão dos Redentoristas da Polônia. Clemente aceitou o exílio com resignação, vendo nisso um sinal da Providência: "Deus dirige tudo para Sua glória e nosso bem."
Após a expulsão, Clemente chegou a Viena em 1808, onde passou os últimos 12 anos de sua vida. Inicialmente, trabalhou na igreja italiana de São Pedro e depois como capelão das Irmãs Ursulinas na igreja de Santa Úrsula. Em Viena, enfrentou um ambiente secularizado pelo josefismo e pelo Iluminismo, mas sua pregação apaixonada e sua espiritualidade autêntica atraíram multidões, incluindo jovens, intelectuais e artistas.
Ele combatia as ideias iluministas que enfraqueciam a fé, mas não de forma agressiva: usava a beleza da liturgia, a simplicidade de seus sermões e a caridade prática para reconquistar as almas. Fundou obras sociais, como asilos e escolas, e aconselhou líderes do movimento romântico, que buscavam uma renovação cultural e espiritual. Sua influência foi tão grande que ele converteu figuras proeminentes da época, como Friedrich Schlegel, um dos fundadores do romantismo.
Clemente também lutou para estabelecer os Redentoristas na Áustria, mas enfrentou resistência do governo. Somente em seu leito de morte, em 15 de março de 1820, ele recebeu a notícia de que o imperador Francisco I havia aprovado a congregação. Ao saber de sua morte, o Papa Pio VII lamentou: "A religião perdeu na Áustria seu principal apoio."
Clemente faleceu em Viena, aos 68 anos, em 15 de março de 1820, enquanto os sinos tocavam o Angelus. Foi sepultado na igreja de Maria am Gestade. Sua fama de santidade espalhou-se rapidamente. Ele foi beatificado por Papa Leão XIII em 29 de janeiro de 1888 e canonizado por Papa Pio X em 20 de maio de 1909. Em 1914, Pio X declarou-o padroeiro de Viena e dos padeiros, em homenagem a seu ofício inicial.
Devoção Mariana: Clemente tinha uma profunda devoção ao Rosário, que chamava de "minha biblioteca", afirmando que por ele conseguia tudo de Deus. Ele abençoava terços e incentivava sua recitação.
Amor ao Santíssimo Sacramento: Costumava "bater à porta do sacrário" em seus momentos de adoração, simbolizando sua confiança em Jesus.
Zelo Apostólico: Era conhecido como "leão no púlpito" por seus sermões vigorosos e "cordeiro no confessionário" por sua bondade com os penitentes.
Simplicidade: Apesar de sua influência, vivia com humildade, sem buscar honras.
Clemente é considerado o "segundo fundador" dos Redentoristas por ter levado a congregação além dos Alpes, garantindo sua expansão global. Sua vida é um exemplo de perseverança, confiança na Providência e dedicação aos mais necessitados.
A Igreja celebra São Clemente em 15 de março. Ele é padroeiro de Viena (junto com São Leopoldo e outros) e dos padeiros. Sua memória é especialmente viva na Áustria, Alemanha e Polônia, onde igrejas e instituições levam seu nome.
"Ó Deus, que escolhestes São Clemente Maria Hofbauer como missionário do Teu Reino, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de imitar seu zelo apostólico e sua simplicidade. Dai-nos um coração ardente pela oração e um amor especial por Maria, para que possamos servir aos pobres e anunciar Teu Evangelho. Por Cristo, nosso Senhor. Amém."
São Clemente Maria Hofbauer é um modelo de santidade para os tempos modernos, mostrando que a fé, a caridade e a perseverança podem transformar até os contextos mais adversos. Sua vida continua a inspirar missionários, religiosos e leigos em todo o mundo.